sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eleições

As eleições estão à porta: as legislativas são já no próximo dia 27 de Setembro e as autárquicas no dia 11 de Outubro. Assiste-se à caça ao voto através das mais variadas estratégias. Ainda bem que tudo vai acabar dentro de pouco tempo! Estamos perante uma cultura de fachada por parte dos partidos: festas, feiras, arruadas e beijinhos, palavras simpáticas e abraços bem calorosos são em abundância um pouco por todo o lado. Até o “Gato Fedorento” embarcou na corrida para conquistar audiências e os candidatos logo acederam ao convite de participação, pois seria mais algum tempo de antena, completamente gratuito, aonde poderiam demonstrar a sua astúcia e inteligência ao saberem lidar com o humor, sem perder a pose e o sorriso nos lábios e isso, certamente, poderia servir para angariar mais alguns votos. Estiveram em palco todos os principais políticos: uns saíram-se melhor e mais airosamente do que outros, apanhando facilmente o comboio e seguindo viagem, enquanto outros, apesar do esforço, não conseguiram sair da estação onde ficaram apeados, deambulando por lá.

Todos os candidatos se apresentam muito simpáticos, muito sorridentes, muito afáveis e todos dizem querer defender os interesses dos contribuintes, no entanto falta uma certa credibilidade e alguma dose de sinceridade nas palavras que proferem. Atacam-se mutuamente com verdades, ou com mentiras, enfim é um lavar de roupa suja. Por parte dos votantes nota-se pouco interesse pelos conteúdos das propostas de cada um dos partidos e falta de sentido de responsabilidade quando optam pela abstenção e não cumprem o direito de voto na data estipulada. E isto porquê? Porque, normalmente, a seguir às eleições, já ninguém se lembra dos eleitores, nem do que se prometeu, quase invocando a honra. Por parte da população, reina a descrença e a desconfiança, por se constatar alguma falta de convicção naquilo que se apregoa e ausência de humildade para se encarar e assumir erros cometidos na hora da verdade. Cada um diz ser melhor do que o outro, mostra que sabe mais de políticas governativas e tenta demonstrar capacidade superior para governar.

Apesar de estarmos em tempo de crise, não se olha a meios para se atingirem os fins. Há gastos surpreendentes, e completamente supérfluos com as campanhas eleitorais para legislativas e autárquicas, qualquer coisa como 91 milhões de euros, distribuídos pelos partidos concorrentes. Nas legislativas o PS encabeça a lista de gastos com as previsões a apontar para 5,54 milhões, seguido do PSD com 3,34 milhões. O 3ºlugar é ocupado pela CDU com 1,95 milhões, em quarto fica o Bloco de Esquerda com 990 mil euros e em quinto lugar está o CDS-PP com 850 mil euros. Mas, os maiores investimentos no voto ocorrerão na campanha para as autárquicas: o PS vai atingir cerca de 30,5 milhões, o PSD 21,9 milhões, a CDU 10,2 milhões e os outros dois partidos( BE e CDS-PP) têm as previsões iguais, ou seja, de 1,9 milhões de euros para cada um. Não se percebe porque é que não se juntaram as duas eleições numa só!? Era menos trabalho e menos cansaço para os políticos, assim como menos dinheiro público gasto e menos saturação por parte dos eleitores. Eram dois em um: uma bela promoção que, em tempo de crise, não faz mal a ninguém!

Tanto dinheiro desperdiçado e a voar para bolsos já suficientemente cheios, e que poderia ser tão bem aplicado na resolução de certas situações de miséria criadas pelo desemprego, um fenómeno a que assistimos quase diariamente, ou então se preferissem, poderiam auxiliar determinada instituição de solidariedade social que estivesse mais carente a nível económico devido ao corte nas verbas orçamentais, o que certamente não iria faltar.

Não se compreende também como numa altura destas, não houve um partido sequer que ficasse deveras sensibilizado com os problemas sociais e decidisse afirmar-se pela diferença, prescindindo das verbas atribuídas para a campanha para, de seguida, as encaminhar para ajudas comunitárias. Isso sim, seria uma boa campanha e, para além de se tornar uma óptima medida social e ser uma excelente ajuda, conquistaria milhares de votantes. Agora, fazer comícios, debates, palestras, reuniões, assembleias, almoços e jantares, mandar colar cartazes ou distribuir brindes e panfletos não enche a barriga de ninguém, nem traz nada de novo para melhorar o rendimento per capita da população, muito pelo contrário, empobrece-a, na medida em que se gastam quantias tão úteis e necessárias em outros sectores.

Será que ninguém percebe, que as pessoas já não vão facilmente em cantigas e o que querem mesmo é acção no terreno?!...