quarta-feira, 29 de abril de 2009

Força, Famílias Paivenses


Conforme é do conhecimento de todos, em 4 de Março de 2001, aconteceu uma grande tragédia na zona de Entre-os-Rios, em consequência da queda de uma ponte, por cedência do pilar P4 e 59 pessoas mergulharam nas águas do rio, perdendo as suas vidas.

Quanto às causas da queda desta ponte, as opiniões dos peritos divergem: uns atribuíram culpas a uma erosão generalizada, provocada pelas águas do rio e agravada pelas cheias desse ano, enquanto outros afirmaram ser derivado à erosão localizada, consequência da extracção de areias no local. Uma coisa é certa, se esta ponte estava em risco de ruir desde 1982, ou seja, 19 anos antes do grande acidente ocorrer, porque é que ninguém fez algo para impedir o desastre se, para isso, bastava a colocação de um sinal de proibição de trânsito no local? Terão sido adoptadas medidas, para impedir a criação da situação de risco, que pôs em causa a vida e a segurança de quem circulou naquela ponte, àquela hora? Houve, ou não, negligência dos responsáveis pela manutenção e boa conservação da ponte, quer da parte da autarquia, ou das forças de segurança, quer da parte de técnicos das estradas, ou de quaisquer outros vigilantes responsáveis pelo bem-estar da população?

Após o acidente, instaurou-se um processo em tribunal para investigação do caso: averiguar as causas, apurar responsabilidades e encontrar possíveis culpados. Durante os oito anos que se seguiram, fez-se um estudo exaustivo, onde foram ponderadas todas as hipóteses, tendo-se concluído, recentemente, que não havia culpas a atribuir. Por esse motivo, o tribunal passou a cumprir o código das custas em vigor, condenando ao pagamento das despesas judiciais, os grandes perdedores desta acção, neste caso, os familiares das vítimas. Então, já não foram suficientemente castigados e condenados com a morte dos seus ente queridos? Vão ainda ser agora responsabilizados por custos judiciais!... Primeiro até se falou em 500 mil euros, mas entretanto reconheceu-se o engano e aponta-se agora para 57 mil euros. A quantia, nem é o mais importante! Nem que fossem 10 ou 20 euros, é inconcebível e desumano este tipo de procedimento, que só pode provocar indignação e revolta! Apesar de não ser paivense, nem ter amigos ou familiares nesta região, estou com estas famílias verdadeiramente sofridas e faço votos para que haja alguém, com bom senso neste país, para amnistiar esta pobre gente, ilibando-a desta cobrança infeliz. Deixem-nos a todos ficar no seu canto, a curar as feridas de um sofrimento atroz!

Será que os infelizes atingidos merecem ser culpados, por circularem numa ponte à hora errada, quando nada havia no local que os impedisse de fazê-lo? Uma coisa é transgredir uma regra, haver um sinal de trânsito proibitivo, ou um aviso de perigo e as pessoas não respeitarem e avançarem , neste caso, seria perfeitamente justificável que lhes exigissem responsabilidades e custos judiciais. Outra coisa é circularmos por aí fora em estradas, pontes ou túneis, e de repente, por motivos alheios à nossa vontade, sermos vítimas da insegurança existente, motivada por falhas de construção ou por desgaste ocasionado pelos tempos, obras estas que, muitas vezes, não são vistoriadas a tempo de serem tomadas precauções e se evitar o pior.

Entretanto, ergueu-se no local uma estátua em forma de anjo, em memória das vítimas. É feita em bronze e considerada o “Anjo de Portugal”. Fala-se em 800 mil euros gastos nesta estátua, quantia que foi paga pelo Instituto de Estradas. Será que quem dá 800 mil, não poderá dar mais 57 mil, para aliviar as famílias em causa?

Tal como com esta estátua, um pouco por todo o território nacional, gastam-se alguns milhares ou “milhões” em outras estátuas ou monumentos, para já não falar de certos espaços públicos destinados ao culto religioso, desportivo ou cultural, onde já se gastaram verdadeiras fortunas, que se fossem convertidas em habitações ou auxílios económicos destinados à população mais carenciada, certamente teriam ajudado muita gente a sobreviver e a sair da mendicidade!

Muitas vezes, são projectos megalómanos, providos de ambição demasiada e custos elevadíssimos, tanto a nível do seu preço, propriamente dito, como de despesas continuadas para efeitos de uma boa manutenção da obra. Na prática, “estão frequentemente às moscas” e servem apenas para enriquecer o património histórico ou cultural da região, e para mais uma festinha de inauguração.

Ora, se existem outras prioridades nos tempos que correm, porque é que esbanjamos assim dinheiro, em coisas de tão pouca utilidade? Se vivêssemos no Reino da Abundância, poderíamos ter esses luxos, mas não é o caso, infelizmente!

Algum deste dinheiro, mais ou menos “mal gasto”, não poderia servir para saldar as despesas judiciais atrás referidas, ou outras que pudessem surgir?

Afinal para que servem os proveitos dos nossos impostos ou contribuições? Será que uma pequena parcela poderia ser destinada a gastos inerentes à defesa dos cidadãos, cumpridores dos seus deveres cívicos, eleitorais e contributivos? Vivemos num Estado de direito e os dinheiros públicos devem ser gastos em prol do bem comum.

Sendo assim, o Ministério Público poderia defender esta causa, sem qualquer tipo de custos, até porque a vida, a segurança pessoal e a defesa dos cidadãos são direitos que lhes assistem, conforme consta na Declaração Universal dos Direitos do Homem no artigo 3.º e artigo10.º e que passo a transcrever:


“ARTIGO 3.º

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”

“ARTIGO 10.º

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.”

E com tudo isto, só posso dizer: Força amigos paivenses!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Viva a Democracia


Viva a Democracia!


Estão aí as eleições:

Época de confusões.

confronto de ideais!

São individualidades!

Novos rumos, realidades!

Fala-se ao coração!...

E tudo tem solução…


insinuações, “inocência”!

São coisas da concorrência.

meros factos reais.

Para uns é vaidade!

realçar na sociedade.

Para outros divinal!

Tudo o que é material!...


Vamos pois ignorar

Quem pretender manchar

No suor do dia a dia:

A grandeza das acções!

liberdade de opiniões!...

Trabalho valorizado!...

O esforço dignificado!...


Mas o que vivemos afinal?

concretização de um ideal?

Ou real Democracia?

algo que foi conquistado!

No longínquo do passado…

Algo belo e merecido!

Que connosco tem crescido.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vida de Professor!...

Redigindo em prosa e em verso, desta vez optei por retratar a realidade de milhares de professores, que se encontram a leccionar por esse país fora, muitas vezes distantes da família e da terra, alguns deles isolados nas suas escolas, sem grandes condições de trabalho e sem alguém para dividir anseios e preocupações. Apesar disso, vivem cercados de "Magalhães", a tecnologia de ponta aplicada em aparelhos de imensa utilidade, se não fossem os "ditos erros" que entretanto "deram à costa", um problema que parece estar a resolver-se, felizmente.

Aproveito para lembrar também, a quem de direito, que os nossos alunos universitários têm tanta ou mais necessidade de um "Magalhães", ( um "Rodrigues", um "Camões" ou um "Vasco da Gama", no caso de querermos colocar - lhe um nome diferente, por se destinar ao ensino superior), do que qualquer menino que esteja, neste momento, a frequentar o 1ºciclo do ensino básico. Enquanto vemos os nossos jovens a deslocarem-se para as Faculdades, fora das horas lectivas, a fim de utilizarem os computadores aí existentes, para estudarem ou realizarem os trabalhos, as crianças deste país, algumas ainda de "tenra idade", dão-se ao luxo de brincar com um computador usando-o como instrumento de jogo ou de diversão, e isto quando não são os irmãos mais velhos ou outros, a desfrutarem de tão bendita “máquina” para os mais variados fins. É caso para se dizer: Uns têm tudo e outros não têm nada!...Seria bom que os nossos governantes reflectissem um pouco mais sobre isto!... E depois deste pequeno desabafo em prosa, outros se seguem em verso.

Grito de um professor

Anos e anos de profissão!
Outros tantos de aflição!
Horas e horas acordado,
por estar preocupado:
É preciso programar!
É preciso planear!
Há trabalhos p’ra corrigir.
Tudo lhes vêm pedir...
Isto é ser professor!...

Preocupa-se para o aluno aprender.
Preocupa-se para o aluno crescer.
Preocupa-se se o aluno está doente.
Preocupa-se para que ele dê gente.

É papelada até mais não:
é o projecto curricular,
o plano de aula p'ra dar,
e mais as programações.
É uma feira de projectos:
o da Leitura e o dos Afectos;
é o da Saúde Oral;
o da Saúde Ambiental;
e mais as Comemorações.

A Autarquia programou!
O Agrupamento pediu!
O Centro de Saúde solicitou!
O Ministério exigiu!...

São Provas de Avaliação!
São Provas de Aferição!
Tudo é p'ra corrigir!...
Tudo é p'ra aferir!...

É preciso avaliar:
Projectos, Alunos,
Actividades, Monitores!
Avaliem-se também
os Professores!...

Nada é p’ra recusar.
Todos têm que alinhar!
Há inspectores que vigiam.
São os pais que avaliam,
palpitando opiniões:
fala alto - é exigente;
é severo - porque ralha;
tira o recreio - traumatiza;
marca deveres - só atrapalha...

É preciso formação,
para mudar de escalão!
Mapas de matriculados,
mapas de aprovados,
mapas do leite e das faltas,
e também de percentagens.
Processos individuais,
reuniões mensais,
notas baixas, notas altas...

Planos de recuperação
ou de acompanhamento!
Planos de inclusão
ou de desenvolvimento!
Relatórios, avaliação!...

Ser Professor:
BELA PROFISSÃO!...
Mas tanta ansiedade, insegurança,
trabalho e preocupação!...

Tem que ser um solitário,
sem família, nem horário.
Mal tem tempo p'ra comer!
Mal tem tempo p'ra viver!

Grandes Super-Homens!
Grandes Super-Mulheres!
São todos os Professores!...