quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Do casamento ao orgulho gay


Não será de espantar, pelo menos para mim, que a sociedade ande às voltas com proibições e condenações com assuntos que na maioria das vezes, nunca se perguntou a si mesma porque é que é contra ou a favor, muito ao estilo do "porque sim". É mais ou menos como os clubes pelos quais somos ferrenhos adeptos. Não nos lembramos porque é que escolhemos um determinado clube como favorito, mas estamos dispostos a morrer de ataque de coração por ele.

Em particular, falando de casamento entre homossexuais, eu gostava de saber uma única razão para que isto tenha que ser proibido e mesmo condenado. Só gostava de saber uma, é que eu nunca entendi o que é que muda nas nossas casas e nas nossas vidas se os nossos vizinhos homossexuais da casa ao lado de um dia para o outro se casarem. "PUM! Agora que aquelas duas se casaram a nossa vida ficou um inferno... que chatice..." A mim, não me parece que aconteça alguma coisa... sinceramente.
Algumas pessoas falam em referendos... Vendo assim, também seria viável fazer um referendo para o Zé Povinho decidir: Poderá Palmira da Conceição casar-se com Manuel da Silva Freitas? A lei deve ser actualizada... andar para a frente! Para também, como é lógico, deixar as pessoas com a mente ocupada com assuntos que interessam de facto.
Vendo por outra perspectiva, será que os homossexuais se podem queixar de discriminação no que toca ao casamento? Uma vez que, para efeitos legais, nem eles podem casar-se com pessoas do mesmo sexo nem podem também os heterossexuais. A discriminação, ou melhor, a falha do sistema, que isso sim é mesmo grave, é a lei não reconhecer os homossexuais no meio desta história toda, a legislação funciona simplesmente sem reconhecer que as pessoas podem ter orientações sexuais variadas, e que, como tal, isso poderá ter alguma influência nas suas escolhas como cidadãos.

Um assunto que não me parece tão directo como este é a adopção de crianças por casais do mesmo sexo. É claro que levanta questões éticas, mas pensando um bocadinho... se o ti Fernando ali da esquina enfrasca todos os dias na taberna e espanca a mulher e os filhos para passar o tempo, e se nós, sociedade, nos conformamos com isso sem pensar duas vezes, e nos damos ao luxo de rejeitar nem que seja uma mão cheia de casais homossexuais que estejam aptos para dar amor e carinho a uma criança, não será isto um contra-senso? A isto, ainda podemos somar a quantidade de órfãos que por aí andam, e que do ponto de vista de casais do mesmo sexo estarão obviamente na mira das preferências, uma vez que estes não os podem conceber naturalmente.

Quero, por outro lado, acrescentar ao assunto, que não vejo com bons olhos aquilo em que as paradas gays se tornaram... Penso que o principal objectivo seria ajudar à dita saída do armário, no entanto, apesar do que ainda falta para "lavrar" na sociedade, estamos no século XXI, e por exemplo a internet é uma boa forma de pedir/dar conselhos e de espalhar essa mesma mensagem e por meios mais dignos e aprazíveis.
Não é por eu, como heterossexual, ver homossexuais a desfilar em trajes mínimos com fio dental que vou ganhar admiração por eles, é sim, com acções que tenham algum impacto construtivo na sociedade.

O facto de estimular ao orgulho gay, não me leva a prendar tais actos, pois, não nos devemos esquecer, que foi o exagerado orgulho hetero que tornou a sociedade opressiva e discriminatória que nós conhecemos. Orgulho a mais acaba por tornar as pessoas cegas.