segunda-feira, 23 de março de 2009

Futebol S.A. ou Igreja Universal do Futebol?

Para abrir este novo blog de opiniões, não irei estrear com o famoso "hello world", uma vez que me parece um bocado vago mesmo para uma Rábula Cósmica. Irei sim deixar a primeira Rábula que me vai na alma e que me percorre a mente.

O futebol, ou, a indústria desportiva por excelência na Europa, conseguiu e consegue captar a atenção e o interesse de milhões de pessoas pelo Mundo inteiro, é um facto. É um desporto que já há muito que dispensa apresentações, e tem vindo a consolidar a sua imagem à custa da criação de mitos e lendas, criados para esse mesmo fim.
O mais estranho na indústria do futebol, por incrível que pareça, não é o facto de conseguir pôr milhares de pessoas petrificadas em frente a televisores, à espera que uma bola passe por um rectângulo. O incrível, isso sim, é que muitos destes milhares de pessoas, estão dispostas a trocar os ganhos de um dia inteiro de trabalho, por uma hora e meia de nervosismo tresloucado no interior de catedrais especialmente criadas para os levar ao êxtase supremo, que é... quando uma bola passa por um rectângulo.
Nos parágrafos a seguir, apresento 2 formas diferentes de olhar para o futebol. O objectivo não é ridicularizar, é apenas mostrar que se calhar, o facto de gostarmos de determinado clube de futebol, não será por si só razão de cometer tantos excessos.

Futebol S.A.
A compra de capital, ou melhor, a aquisição de parte da "empresa" não existe, ou seja, um "sócio" de um clube de futebol tem conceitos inovadores, onde este apenas paga ao clube periodicamente e em troca obtêm a satisfação de ver os jogadores e dirigentes do clube a passearem em carros de luxo e a viverem umas belas férias em hotéis 5 estrelas.
Mas, estes neo-sócios não se ficam por aqui. Partilham, com uma boa parte dos simpatizantes do clube, o facto de comprarem o jornal na véspera do jogo, para saberem quem é que os jornalistas acham que vai fazer parte do onze inicial, e compram outro no dia a seguir, para, entre outras coisas, se congratularem com o facto de terem visto uma falta (em câmara lenta) que o árbitro não viu.
Este tipo de indústria está tão bem feito, que leva muita gente a acreditar que precisa de pagar balúrdios por mês só por causa de um canal ou dois de televisão que se dedicam exclusivamente ao desporto, ou melhor, que mostram futebol, e nos tempos mortos vão dando outras "coisas".
Igreja Universal do Futebol
O baptismo é um pouco comum a todos, ou o pai era do clube X e deu ao filho um chocolate para ele dizer que também era, ou o tio, devoto sócio de Y levava-o a ver todos os jogos, ou simplesmente porque toda a gente lá de casa se vestia da mesma cor quando davam jogos na televisão. A primeira comunhão virá quando conseguir chorar a primeira lágrima e o crisma será notório quando juntar os primeiros trocos para comprar a camisola "sagrada".
Passarão anos e os mandamentos continuarão. Apenas os idolatrados se irão embora para dar lugar a novos profetas da "religião" e da moda. O objectivo final será sempre o de fidelizar os dadores de esmolas, para poder lavar os imperadores em bacias de ouro. Não fará diferença alguma que essas esmolas tragam o suor, de quem trabalha cá em baixo (na Terra), impregnado nelas. Não fará, de modo algum... desde que se consigam polir os adorados com cores fáceis de distinguir, e que se construam catedrais com todo o luxo e mais algum, para bispos e cardeais assistirem ao espectáculo missal.

Não parece ridículo que se perca tanto tempo de antena por causa de um desporto, que foi criado para entreter e não para de gerar polémicas, de encher os tribunais de processos e que tenta separar pessoas pela cor do cachecol?
Como é possível aceitarmos que as pessoas usem os dias de voto para passar férias, e que tirem dias de folga para assistir a jogos de futebol?
Talvez seja necessário uma reflexão, ou talvez não...

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