segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ser utópico, ou não?


Ser utópico é provocar, é ser-se portador de sonhos e ideais acima da média, é viver nas nuvens, é criar uma situação nova e praticamente inatingível, pelo menos a curto prazo.

Todos nós, ao longo da vida, já vivemos a utopia ao deixarmo-nos manipular pelos nossos ideais ou quando embarcamos num idealismo de parceiros ou vizinhos, onde os nossos pensamentos viajam de nuvem em nuvem em busca da perfeição.

Ao querer mudar o mundo, de um dia para o outro, estamos a ser utópicos, mas que seria do mundo se não existissem utópicos?

Desejar que todos sejam felizes de uma maneira uniforme e equitativa é ser-se utópico porque a felicidade depende do bem-estar de cada um, e este, por sua vez, é desencadeado por uma série de factores internos ou externos ao ser humano, ocasionados pontualmente ou durante uma determinada época. Felizmente que os seres humanos ainda não são robotizados para os podermos programar! Só dessa forma seria possível acontecer um estado de felicidade em simultâneo e com a mesma dosagem.

Pretender que a distribuição da riqueza mundial se processe mais de igual para igual entre as pessoas é entrar na utopia, porque há sempre aquela gente que sabe muito bem rentabilizar os seus bens e a outra que não descansa enquanto não os desmembra e destrói.

Viver num planeta completamente despoluído é igualmente utópico, uma vez que continuamos a descobrir, a fabricar e a transformar produtos que se destinam a proporcionar maior comodidade e tornar o nosso dia-a-dia muito mais tranquilo e facilitado, mas que são poluentes desde o seu fabrico, uso e/ou destruição.

Mudar formas de agir, transformar linhas de pensamento e canalizá-las para o bem comum pode ser utópico, se não houver vontade própria de mudança.

Alcançar determinados objectivos, ou querer possuir algo completamente inovador no presente pode ser utópico, mas pode deixar de o ser com o decorrer dos tempos e a evolução da ciência. Aquilo que outrora foi ficção, por vezes já se tornou realidade, portanto o que antes era utópico, pode já não o ser.

Se olharmos bem para cada uma das situações atrás descritas e, ao contrário de nos acomodarmos à admiração do verdadeiro inatingível, optarmos pela tomada de posição, fazendo alguma coisa de útil para minorar problemas, contrariar dificuldades e contornar situações impeditivas da concretização de ideais, certamente estaremos a dar passos em frente no sentido do caminhar para a resolução e combate da utopia.

Se viver de utopias é necessário para a mente humana porque a liberta do tédio diário a que, muitas vezes, está submetida e a leva a criar e a inovar, isso só não chega. É preciso irmos à luta, arregaçar as mangas e partirmos para o trabalho, estar no terreno e descobrir as verdadeiras dificuldades para encontrar soluções que permitam realizar sonhos e concretizar ideais que nos conduzam ao bem comum. Certamente, dessa forma, conseguiremos chegar a um mundo melhor, mais justo e mais digno.

Sendo assim e para concluir, atrevo-me a dizer que talvez possa não ser utópico pensar que tudo é passível de mudança. Para isso, basta o homem querer e,” como querer é poder”, a solução pode residir na vontade de cada um de nós.

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